sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bicentenário da imprensa brasileira


Este ano a Imprensa Nacional completa duzentos anos de existência e sua história se mistura a do País: com muitas lutas e conquistas. Fundada em maio de 1808, ano em que D. João e a Corte Portuguesa se instalaram no Brasil, fugindo de Napoleão Bonaparte, a Imprensa Régia era uma publicação sujeita a forte censura, sevia como meio de divulgação sobre os feitos do Império e para impedir o aparecimento ou divulgação de qualquer coisa contra o reino, a família e os bons costumes.
No dia 10 de setembro de 1808 foi publicado o primeiro jornal brasileiro oficial: “A Gazeta do Rio de Janeiro”. Uma publicação com notícias sobre a natureza européia, documentos oficiais, as virtudes da família real etc. Havia também jornais não oficiais. “O Correio Brasiliense” ou “Armazém literário”, de Hipólito José da Costa, maçônico foragido que redigia o jornal na Inglaterra e exportava por meio de contrabando para o Brasil, tinha mais de 100 páginas. Era vendido, em média, uma vez por mês.
A Revolução do Porto pôs fim ao absolutismo português e exigiu a volta de D. João VI em 1820. O processo de independência foi acelerado. Um dos maiores exemplos do papel da imprensa na independência foi o “Revérbero Constitucional Fluminense”, escrito por Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, em setembro de 1821. Em São Paulo, o primeiro jornal impresso só foi surgir em 1823; era o chamado “Farol Paulistano”. O “Diário do Rio de Janeiro” era um jornal um pouco diferente. Ele levava a neutralidade ao extremo.
Após a independência, a imprensa viveu um período de agressões aos jornalistas e muitos tumultos. A aristocracia rural brasileira, liderada por José Bonifácio, perseguia de maneira implacável seus opositores. No entanto, os jornais não davam trégua aos portugueses, embora a Assembléia Constituinte e o imperador fizessem parte do maior palco de atritos. Com o espancamento do jornalista David Pamplona, a situação tornou-se mais grave. D. Pedro I, então, dissolveu a Assembléia Constituinte, dando força à imprensa. Cipriano Barata foi o jornalista que mais se destacou na época, que foi caracterizada pela participação de grandes escritores, dentre eles, alguns dos maiores autores da literatura brasileira.
Nos anos seguintes, surgiram publicações importantes, que fizeram parte da história do Brasil e revolucionaram a imprensa: “O Diário do Rio de Janeiro” (1857), a revista de caricatura “Brasil Ilustrado” (1855), “Revista Ilustrada” (1876), jornal “A República” (1870), “Correio Paulistano”, “A Província de São Paulo” (1889), que passou a se chamar “O Estado de São Paulo” e Gazeta de Notícias (1907), o primeiro jornal editado em cores.
Hoje, o jornalismo está ao alcance de todos, ou quase todos. Jornal, Rádio, TV, Internet. Em tempos dedial-up, speedy, LP, satélite, fibra ótica, entre outras conquistas tecnológicas, o jornalismo assumiu uma escala global. No Brasil, a imprensa ainda caminha em busca do tempo perdido, lutando pela democracia da informação.

Substitutivo Mansur: debate será aprofundado

O substitutivo que proíbe a concessão de registro provisório para o exercício da profissão de radialista, ainda vai render muita discussão. Após a audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, na semana passada, o deputado federal Beto Mansur (PP/SP) retirou seu substitutivo ao PL 1337/03 da pauta da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e disse ser necessária uma discussão mais apronfudada sobre o assunto. Segundo o deputado, será realizado um seminário na Câmara, envolvendo profissionais, parlamentares e entidades representativas tanto das empresas de rádio e TV, como profissionais da área a fim de debater a questão.
Em seu substitutivo, o deputado federal concorda com a proposta de extinguir o registro provisório e amplia as atribuições da profissão de radialista, que ficariam autorizados a exercer atividades como a redação de notícias de rádio e televisão.
Já a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) é contrária ao projeto por considerar que ele transfere aos radialistas atividades e funções que hoje são atribuídas aos jornalistas de rádio e televisão.
O presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, disse apoiar o projeto original, do deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), que proíbe a concessão de registro provisório para o exercício da profissão de radialista, mas é contra o substitutivo. “O documento usurpa funções de jornalistas em rádio e TV ao prever como função de radialistas atividades como reportagem e redação de notícias de rádio e televisão, e isso nós não aceitamos”, esclarece.
Em resposta. Mansur afirmou que a realidade das emissoras do interior é diferente da das grandes capitais. "Eu não acho que o repórter que faz a cobertura tenha que ser jornalista. Acho, inclusive, que poderia haver cursos superiores para as várias atividades desenvolvidas nas emissoras de rádio e televisão", disse. "Ninguém vai querer aprovar uma legislação restritiva. Por que os jornalistas devem ter o monopólio dessa atividade?", indagou.

Fontes: Agência Câmara e Fenaj

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Funções dos jornalistas de rádio e TV em discussão na Câmara

Afinal, radialistas têm ou não a missão de jornalistas? Há quem diga que o profissional possa exercer essa função desde que formado em jornalismo ou com o devido registro, ainda que provisório. Outros não concordam tão facilmente com isso. O fato é que o Projeto de Lei 1.337/03, que tramita na Câmara sobre a regulamentação profissional de jornalistas de rádio e televisão tem dado muito que falar. O texto original do PL tinha como objetivo acabar com o registro provisório entre os radialistas.
No entanto, o centro das discussões, segundo a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), seria outro: o interesse de empresários de comunicação em retirar as atividades e funções desses profissionais. Para a Federação dos Jornalistas, o substitutivo apresentado pelo deputado federal Beto Mansur (PP/SP) atende claramente aos objetivos dos patrões, ou seja, da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert), que teria feito a proposta da alteração.
Do outro lado, Mansur diz que apenas teria ouvido pedidos de diversas associações de radialistas para realizar o substitutivo. Resultado: criou-se um mal estar entre o deputado e as entidades representativas dos jornalistas por não terem sido consultadas a respeito do substitutivo.
Na tentativa de resolver a questão, representantes da Fenaj, Federação Interestadual de Trabalhadores em Empresas de Rádio e Televisão (Fitert), representantes das Emissoras de Rádio e Televisão e de pesquisadores da área, e o parlamentar Beto Mansur (PP-SP) se encontrarão, amanhã, dia 10, em uma audiência pública na Câmara.
O substitutivo regulamenta a profissão do radialista e determina que ele execute funções, antes, realizadas somente por jornalista, como a de redação e apresentação de notícias, repórter de rádio e TV, entre outros.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Curtas do Jornalismo

Comemorações Dia do Jornalista
Jornalistas de todo o país se mobilizaram pelo centenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e o dia da classe, comemorado ontem, dia 7 de abril. A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas lançaram nota oficial alusiva à data, que foi registrada pelo senador Paulo Paim (PT/RS) no plenário do Senado e em diversas casas legislativas estaduais e municipais.
Na nota oficial, a FENAJ e os 31 Sindicatos de Jornalistas defenderam a aprovação de uma nova Lei de Imprensa “em substituição a um dos entulhos da ditadura”, e a realização de uma Conferência Nacional de Comunicação “ampla, democrática, com efetiva interferência da população brasileira”. O documento também ressalta como importantes para os jornalistas “a denúncia do arrocho salarial, do desemprego e da precarização das relações trabalhistas e a reivindicação de melhores condições de trabalho”, a defesa da obrigatoriedade da formação universitária especifica para o exercício da profissão e a constituição de um Conselho Federal dos Jornalistas.

Centro de Cultura e Memória do Jornalismo
Na semana em que se comemora o Dia do Jornalista, a classe será agraciada com um espaço que vai abrigar a história da imprensa no Brasil. Trata-se de um projeto que irá criar no Rio de Janeiro, o Centro de Cultura e Memória do Jornalismo. O evento será lançado amanhã, dia 9, na sede da ABL ( Academia Brasileira de Letras). O espaço deverá contar com um acervo permanente de peças históricas e organizar cursos, seminários e exposições, além de abrigar livraria, café, biblioteca e auditório. O acervo documental incluirá depoimentos de jornalistas, que resgatarão a história do desenvolvimento do jornalismo nacional. Segundo sindicato dos jornalistas do município do Rio, entidade que teve a iniciativa de criar o Centro, inicialmente, ele funcionará em um portal. Na segunda fase, o centro terá sua sede própria aberta ao público.

Semana de festa
O sindicato dos Jornalistas da Bahia realiza até o dia 14 de abril a Semana do Jornalista, em comemoração ao Dia Nacional dos Jornalistas, e ao seu aniversário de 63 anos do Sinjorba, em 14 de abril. Entre as festividades destacam-se eventos com temas relacionados à categoria e à luta pelo respeito à regulamentação profissional, Lei de Imprensa, saúde e previdência social, mercado de trabalho e exposição de imagens. No sábado, dia 12, uma festa dançante marcará as comemorações do Dia do Jornalista e os 63 anos do Sinjorba.
A Semana do Jornalista será encerrada com uma oficina sobre Empreendedorismo, organizada pelo Sebrae e que ocorrerá no dia 14. A intenção é orientar a categoria como abrir empresas de jornalismo, já que hoje o mercado tem empurrado os jornalistas para a condição de PJs.

Exercício da democracia
Em São Paulo, o Dia do Jornalista foi marcado por uma assembléia geral. Segundo a entidades, mais de 150 associados estiveram presentes na assembléia que aprovou quatro alterações no estatuto do Sindicato, todas referentes ao processo eleitoral da entidade, que passarão a valer já na próxima eleição, prevista para abril do próximo ano.
Entre as mudanças estão: a redução de cinco para três no número de diretores inscritos nas chapas; a composição da Comissão Eleitoral a partir do resultado da votação de chapas apresentadas na assembléia, desde que cada uma delas consiga, no mínimo, 10% dos votos válidos e o fornecimento de lista de associados aptos a votar na eleição.

Congresso Estadual
A diretoria do Sindicato dos jornalistas do Estado de São Paulo está agendando, tanto na Capital quanto no Interior e Litoral, uma série de plenárias para as discussões de teses e escolha dos delegados ao 12º Congresso Estadual dos Jornalistas, que acontece nos dias 30, 31 de maio e 1º de junho. Esta edição do Congresso Estadual será em São José do Rio Preto e conta com o apoio da Prefeitura daquele município e da FENAJ. As inscrições para os demais interessados - que arcarão com suas despesas de estadia e alimentação - vão até o dia 21/05. Informações e inscrições pelo telefone (11) 3217-6298 ou e-mail congresso.estadual@sjsp.org.br

Tendências do Jornalismo Online
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul promove no dia 10 de maio o seminário 'Tendências do Jornalismo Online', das 13h30min às 17h. No plenarinho da Assembléia Legislativa do RS, em Porto Alegre, vão estar nomes como Pedro Dias Lopes, editor-chefe da ZeroHora.com, Mary Silva, editora-executiva do portal Ziptop / JornalNHOnline, Telmo Flor, editor-chefe do site do Correio do Povo e chefe de redação da versão impressa, e Sérgio Lagranha, editor-chefe do site e jornal Diário Popular, de Pelotas.
O investimento é de R$ 10 para estudantes não-sindicalizados, R$ 30 para público em geral, e gratuito para estudantes e jornalistas sindicalizados, em dia com as mensalidades. Informações: 51-3226-0664.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Dia do Jornalista

Hoje, 7 de abril, é dia do Jornalista. Com tantas limitações, ainda há motivos para se comemorar. Mesmo com baixos salários, precárias condições de trabalho, legislação atrasada e bastidores politicamente incorretos, a imprensa brasileira agradece àqueles que lutam por fazer o melhor de suas profissões. Aqueles heróis diários que batalham por seu espaço. Aqueles que tentam fazer um trabalho ético e amam sua função.
Parabéns, jornalista!





Em Defesa da democracia

Hoje, também é comemorado o centenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Criada no dia 7 de abril de 1808 para assegurar os direitos dos jornalistas, a associação foi uma entidade de classe que fez história no País. Seu idealizador foi o jornalista Gustavo de Lacerda, que não aceitava a idéia de que jornais fossem empresas. Para ele, esses veículos deveriam ter cunho social e funcionar por meio do cooperativismo, em que todos saíssem ganhando, desde a cúpula ao trabalhador mais simples.
Durante a Ditadura Militar no Brasil, a ABI foi sinônimo de oposição a esse regime. Lutou com todas as forças pela democracia e pela liberdade de expressão. Nessa época, não só os civis tinham seus direitos cerceados como os meios de comunicação sofriam severa censura. A perseguição contra jornalistas era cerrada. Parecia o Império, quando escritores e jornalistas abolicionistas eram combatidos e presos.
Contra os ataques à imprensa, a ABI fez um trabalho de bastidores, intercedendo às autoridades pela libertação de jornalistas presos e por meio de manifestações públicas contra qualquer ato de censura.
Em outros momentos políticos do Brasil, a imprensa foi censurada. Anos antes da ditadura, no governo de Arthur Bernardes, em 1922, a liberdade de expressão foi atacada. No ano seguinte, Barbosa Lima Sobrinho lançava o livro O problema da imprensa, um dos principais manifestos pela liberdade de expressão no Brasil. Três anos depois, assumia pela primeira vez a presidência da ABI.
A ABI esteve presente em outros acontecimentos importantes do país como na campanha "O petróleo é nosso", no fim dos anos 1940, que culminou na criação da Petrobras, em 1953.
Ainda na ditadura, em 1975, promoveu um ato em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, morto nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo. Participou das campanhas pela anistia, pelo fim da Lei da Segurança Nacional, pelas eleições diretas e pela convocação da Assembléia Nacional Constituinte.
Quando a ditadura de Getúlio sucumbiu à abertura política e aos direitos civis, a ABI desempenhou um papel importante na campanha pelas Diretas Já. Somente no governo Collor, a imprensa teve passe livre para fazer seu trabalho. Tanto que investigou e denunciou as irregularidades, cuja confirmação resultou na renúncia do presidente para escapar do impeachment.
Ainda hoje, a ABI luta pela democracia, até mesmo em governos considerados democráticos como o de Lula. Em 2004, a entidade foi contra a criação do Conselho Federal de Jornalismo, proposto pelo governo. A associação considerou essa proposta como um ataque à liberdade de imprensa desde os governos militares e se mobilizou fortemente. Resultado: o governo desistiu do projeto.
A ABI nos mostra ao longo da história política do País que sem união e princípios verdadeiros não se consegue lutar pela liberdade de expressão. Foi graças a manifestações e perseverança em uma causa, que muitas vidas foram salvas no período da ditadura e nossa imprensa, hoje, tem a liberdade de se expressar e exercer o seu trabalho. Por pior que sejam as condições de trabalho e exista o sensacionalismo e a mercantilização da notícia, ainda é possível fazer um trabalho honesto no Brasil.