Não há dúvidas de que o trabalho do jornalista freelancer tem suas vantagens. Uma delas é poder trabalhar em horário flexível e em casa. Mas será que realmente o freelancer é independente? Só se for do espaço físico das redações convencionais, porque o trabalho de seguir a linha editorial do veículo para o qual presta serviço e a cobrança a todo momento continuam seguindo este profissional. Vale lembrar que o freelancer sempre corre o risco de levar calote de um cliente. Por isso, a seleção é importante.
Mas como selecionar o cliente ideal- aquele que sempre terá um projeto bacana para você participar e seja correto em cumprir com o pagamento, e justo, no prazo? Está cada vez mais raro encontrar um veículo assim. Simples. Não porque todos sejam trapaceiros, mas porque os bons já possuem dezenas de colaboradores. É preciso quase implorar uma chance para uma editora ou agência, por exemplo.
Talvez por isso, muitos prefiram o clima estressante e de muita pressão das redações, pois têm a certeza de que irão receber no final do mês, assim como garantida está a matéria de cada dia.
Outro dia, em um fórum no site Via 06, um jornalista dizia que alguns sites voltados para o profissional freelancer, praticamente, leiloam o trabalho dos jornalistas. E o arremate não era alto. Ao contrário; quem cobrasse menos pelo trabalho, participava do projeto. Isso é o fim!
Freelancer não precisa pedir esmolas!
A jornalista Ceila Santos, em seu blog, certa vez desabafou e disse o quão difícil é se praticar os valores da tabela de serviços freelancers, elaborada pelo sindicato dos jornalistas. Concordo.
Por que os veículos e demais clientes insistem em rebaixar o trabalho do jornalista freelancer?
Não estudamos quatro anos exaustivamente para pedir migalhas. Será que o ensino Superior, MBA e outros cursos não servem de nada?
Muitos acham que a experiência vale mais. E a formação? Onde fica na história?
A desvalorização começa pelo próprio profissional. No desespero de conseguirem cliente, os jornalistas freelancers acabam negociando por baixo e muito baixo, por sinal, o seu trabalho.
Não digo todos, mas uma grande parte faz isso. Essa é a razão pela qual há uns que conseguem trabalho e outros não. Simplesmente porque um chega a cobrar R$ 30 a matéria e o outro pratica o valor da tabela: R$ 173. (valor atualizado)
O profissional gasta tempo, telefone, internet, faz pesquisas, tenta enriquecer ao máximo seu trabalho e seu esforço não vale de nada? Ao que tudo indica, a realidade do jornalista freelancer está mais negativa do que muitas contas bancárias, inclusive, as nossas.
Amigos jornalistas freelancers, vamos valorizar mais nosso trabalho. Dessa forma haverá mais chances para todos.
O preço da gasolina a cada dia aumenta e nem por isso, todos os carros do planeta converteram ao gás natural. Os motoristas continuam precisando do produto, apesar dos reajustes.
O mesmo pode acontecer conosco. Se todos praticassem em suas negociações os valores do sindicato, não haveria quem procurasse aquele freela que cobra R$ 30 por matéria.
Seria pedir muito? Pense nisso!