quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Jornalista sabe ouvir?

Já parou para pensar como os ruídos de comunicação nos atrapalham? Em casa, no trabalho, na rua, em qualquer lugar ou circunstância se não nos comunicarmos bem, isto é, se não conseguirmos nos fazer entender pelo interlocutor (com quem estamos conversando), certamente, teremos problemas. Este é o incômodo ruído na comunicação.
Teorias à parte, comunicação, hoje em dia, é a palavra-chave. Quem não sabe se comunicar, leia-se: se expressar corretamente a ponto de se fazer entender, estará fadado ao fracasso, sobretudo, no mercado de trabalho.
Uma pessoa me disse, certa vez, que um colega seu de trabalho era super comunicativo. Ele tinha presença nas reuniões, era eloqüente e sua maior marca era a persuasão. O discurso era muito bom, mas na prática, os resultados não convenciam.
O tempo passou e sua produtividade não persuadia mais ninguém. Era muito político, amigo de todos, mas se pudesse, esmagaria quem fosse para ocupar um cargo de destaque na empresa. A tal pessoa sabia se comunicar, mas era um mau profissional.
Na verdade, essa pessoa sabia se colocar em público e utilizava a comunicação de maneira egoísta e oportunista. Sem sabedoria alguma. Pois é. Neste processo do "tornar comum", a sabedoria vale ouro. Falar a coisa certa no momento apropriado é fundamental para o sucesso em nossa comunicação diária. O segredo é saber ouvir.
Já reparou que as brigas familiares começam com pequenas discussões em que uma das partes só quer falar e não ouve o outro? No ambiente de trabalho é a mesma coisa. Se apenas um quiser impor seus argumentos e se achar sempre certo, ainda que eloqüente, não saberá ouvir o que seus superiores têm a dizer e fatalmente será demitido. E se não ouvir o colega de trabalho, também será dispensado, pois provou que não trabalhar em grupo.
Ser comunicativo não significa que a pessoa seja flexível. Ao ouvir o outro, nos colocamos no lugar dele e aprendemos com ele. Quando compreendemos o ponto de vista do nosso interlocutor, ainda que descordemos da sua opinião, o respeito à posição dele cria um ambiente favorável. O relacionamento fica positivo, o trabalho rende, conseqüentemente, a comunicação é eficaz.
Costumam dizer que a pessoa que trabalha com comunicação, jornalista em especial, necessariamente, precisa ser extrovertida e comunicativa, leia-se: falante. Esta questão é controversa. Penso que não se trata de falar aleatoriamente, por impulso, mas falar o que realmente importa. Ser um bom ouvinte é essencial para uma boa comunicação.

Logo, para o jornalista saber ouvir é tão importante quanto falar, senão, mais.

Exercite, seja um bom ouvinte!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Política e internet



As eleições municipais estão próximas e muitos candidatos lançaram mão da internet como palanque para divulgarem suas propostas de governo. Mas essa tão importante ferramenta de comunicação vem causando polêmica.
Entre as restrições impostas pelo TSE aos candidatos durante o periodo de campanha, está o uso da rede mundial de computadores. Ou seja, a campanha partidária deverá se limitar aos sites pessoais dos candidatos e a mídia eletrônica fica proibida de difundir opinião favorável ou contrária a candidato e ainda de dar tratamento diferenciado a eles. Mas os jornais e revistas que têm suas páginas na internet poderão fazê-lo. Estranho. E os blogueiros e tantos outros internautas, como ficam na história?
Quer dizer que a opinião favorável ou contrária a determinado candidato, por exemplo, pode ser publicada num jornal impresso, mas não pode ser reproduzida em um blog? Quanta incoerência! Cercear a liberdade de expressão é censura.
Apesar da legislação eleitoral, está cada vez mais comum encontrar páginas de candidatos em sites de relacionamentos como orkut, facebook, myspace, foruns, blogs, entre outras midias sociais. Vale tudo para atrair simpatizantes e conquistar o eleitorado, garantindo o tão esperado voto.
Muitos questionam essa prática, mas o fato é que a democracia começa com o acesso à informação. Logo, toda forma de debate é válida. Por que não apresentar propostas e discutir idéias em fóruns e outros sites da internet?
Limitar o acesso à rede mundial de computadores, seja por motivo político ou qualquer outro, significa retroceder no tempo e apagar tantas conquistas da sociedade a partir da democratização da informação.
Não se pode equiparar a internet à TV e ao rádio, que são concessões públicas do governo. Se nesses veículos, a propaganda é gratuita, imagine na internet. A liberdade de ação deveria ser bem maior.
O seu alcance deveria por si só, justificar sua utilização para fins políticos. De todo modo, não serão medidas tolas, que irão restringir o uso da internet.
Talvez por isso, o TSE pretenda revisar a legislação em torno do uso da internet em campanha eleitoral.
Enquanto isso, os internautas continuam a criar sites, blogs ou comunidades pró ou contra candidatos.
É visível que a mudança não está no uso da internet, mas naquilo que se propõe à sociedade como plataforma de governo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Desabafo de uma jornalista

Deve ser engano. Não é possível. Milhares de profissões são reconhecidas pela sua contribuição à sociedade, menos a minha. Ser jornalista, hoje em dia, não tem valor algum. Pelo menos para as autoridades que pretendem votar a favor da desregulamentação da profissão. Se aprovado pelo STF o recurso extraordinário, que isenta o diploma do profissional de jornalismo, qualquer um que nem tenha concluído o Ensino Fundamental, por exemplo, poderá exercer a profissão.

 Como isso entristece, irrita e causa indignação. Nenhum outro profissional faz idéia de quão prejudicial este recurso é para o jornalista. Quer dizer que depois de 70 anos de regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo não valerá de nada os esforços para manter níveis satisfatórios de qualidade à profissão? Quanta energia desperdiçada! Quanto desgosto!

 É revoltante saber que pessoas sem formação nem ética estarão aos montes nas redações, se esta medida for aprovada; como se não bastassem, hoje, os apadrinhados encherem os corredores dos veículos de comunicação.

 Imagine se essa medida, se aprovada, fosse aplicada às demais profissões. Médicos, dentistas, advogados, engenheiros, arquitetos, professores e outros tantos profissionais não precisariam de diploma para exercer suas funções. Seria um verdadeiro caos. Pessoas multiladas, deformadas, desdentadas, pontes, casas e prédios desabando, pessoas analfabetas ...seria um desastre. E por que pensar que a profissão de jornalista é menos nobre do que as demais? Seria pedir muito a mesma consideração?

 Caso seja aprovado este recurso, o nivelamento do jornalista será muito baixo. E em vez de ajudar, o STF fará muito mal ao povo brasileiro, permitindo que profissionais medíocres prestem serviço à sociedade.

 Sei que o diploma não é garantia de um bom trabalho, mas é no banco acadêmico que se aprendem as técnicas de redação, os princípios éticos da profissão, se estuda a cultura de massa, as novas tecnologias da informação, se reflete sobre a democratização da informação e outros aspectos que, certamente, quem um belo dia acordar e decidir se tornar “Jornalista” não saberá.

 O talento e a experiência são importantíssimos, mas a formação acadêmica merece igual destaque.

 Em vez de propor um recurso absurdo desse, não seria melhor haver um controle de qualidade mais rigoroso dos cursos de jornalismo no Brasil? Que tal criar um conselho nacional dos jornalistas, um órgão responsável pela fiscalização da profissão e que criasse normas para a atividade jornalística no Brasil, nos moldes, por exemplo, da OAB e do CFM (Conselho Federal de Medicina) para garantir um nível elevado de qualidade ao jornalismo brasileiro?

 Desregulamentar a profissão de jornalista é preguiça das autoridades de pensarem em soluções mais eficazes.

Em defesa do diploma

 Fenaj, Sindicatos de Jornalistas e entidades de classe apoiadoras da campanha em defesa do diploma vão realizar no dia 17 de setembro, às 13h, na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, um ato público a fim de mobilizar a categoria e toda a sociedade contra o Recurso Extraordinário RE/511961 que pode eliminar a obrigatoriedade do diploma em Curso Superior de Jornalismo.  O Supremo Tribunal federal (STF) deverá votar o recurso neste mês. 

  A Fenaj e os sindicatos estão engajados na divulgação do movimento e lançaram mão de são algumas das estratégias. Entre elas, convocação de coletivas de imprensa, contatos com parlamentares e autoridades, coleta de assinaturas para um abaixo-assinado em defesa da constitucionalidade do diploma como requisito para o exercício da profissão e o lançamento do livro “Formação Superior em Jornalismo - Uma exigência que interessa a sociedade”.

  A campanha em defesa do diploma conseguiu importantes apoios como o do presidente da CUT, Artur Henrique da Silva Santos que se posicionou em favor da convocação da Conferência Nacional de Comunicação - e do senador e ex-Vice-presidente da República Marco Maciel (DEM/PE), que se dispôs a expor sua posição em nota pública a ser divulgada no Congresso Nacional nesta semana.

Fonte: Fenaj