sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Escolha bem seus clientes!

Caro amigo jornalista, talvez você pense que ser freelancer tenha suas compensações. Realmente, há, quando se trabalha com clientes idôneos. Mas quando encontramos pessoas desonestas, é o fim.

Estou muito decepcionada com o mercado, aliás, com as pessoas de má índole que povoam o mercado jornalístico, se é que se pode chamar assim. Parece que estou numa espiral descontrolada. Desonestidade por todos os lados.

Todo freelancer corre o risco de levar calote. É uma realidade. E aconteceu comigo.

Como se não bastasse a dificuldade de praticar o valor estabelecido pelo sindicato dos jornalistas, tive a infeliz oportunidade de aceitar uma proposta de trabalho freela, que vem me dando muita dor de cabeça.

Um projeto aparentemente bacana: produzir matérias para uma revista de um guia de serviços. Pessoas simpáticas, reuniões de pauta agradáveis, o trabalho fluía bem...mas quando o assunto era “dinheiro”, logo surgiram as desculpas e os atrasos no pagamento.

Na segunda edição da revista, tudo bem. Cumpri com o meu papel. Produzi 17 matérias, revisei todo o conteúdo da revista. E a empresa cumpriu com o dela. O pagamento foi feito impreterivelmente na data.

Na terceira edição da revista, continuei com o meu serviço freela. Cumpri com a minha parte. Mas, opa!!! A revista não efetuou o pagamento, como combinado. A direção alegou dificuldades financeiras. A desculpa era a de que os anunciantes, que não são poucos por sinal, não pagaram no prazo.

A princípio, compreendi a situação, afinal é uma revista nova no mercado. Mas as desculpas continuaram e o pagamento foi sendo adiado, adiado...Em resumo: estou sem receber desde o mês de abril e cansada de desculpas. Será que vou receber?? Fica a questão.

Desliguei-me da revista e o diretor teve a coragem de me dizer que isso seria feito de qualquer maneira, já que o registro dele deveria sair em breve. Viu só o que a desobrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo faz?? Pessoas sem o mínimo preparo vão assinar veículos de comunicação sem ao menos saber o que é lead, aliás, sem saber escrever!!!

Preocupação com a informação, com o leitor, com a ética, que nada!!!! Tudo o que se quer é faturar com os anúncios. Ganhar dinheiro fácil!!!

O que mais me revolta é saber que existem pessoas baixas, desonestas, mesquinhas e pior, movidas exclusivamente pelo dinheiro. Pessoas gananciosas que conseguem dormir tranquilamente e no dia seguinte, se abastecer de novas desculpas e mais ambição!!!

Talvez por ingenuidade ou tolice, caí nessa cilada. Mas de uma coisa tenho certeza: não vai haver uma próxima vez.

Passaram-se cinco meses, recebi o valor acordado pelo trabalho. O dono do veículo alegou alguns "contratempos" e eu recorri à ajuda de um profissional. Conversei com um advogado e ele me aconselhou a tentar um último acordo antes de acionar a justiça. Após o ultimato, eis que o depósito referente ao meu trabalho surgiu.

Quem sabe você esteja pensando em atuar como freelancer ou mesmo já trabalhe na área, mas não tomou alguns cuidados básicos, aqui vão algumas dicas:

1) Escolha bem seus clientes. Não aja por impulso nem mesmo diante de uma dificuldade financeira pessoal. Uma má decisão pode lhe render muita dor de cabeça adiante. Pense com cuidado. Veja se realmente vai valer a pena.

2) Analise bem a proposta de trabalho;

3) Pesquise e tenha em mãos todos os dados da empresa para a qual você vai prestar o serviço;

4) Converse ao máximo com o cliente sobre o trabalho (não se esqueça de registrar tudo - emails, conversas via MSN, Skype) Guarde todas as informações.

5) Combine prazos para entrega do trabalho e data de pagamento.

6) Formalize o trabalho em contrato para que ambas as partes tenham segurança e registre-o em cartório. No documento, especifique uma data para o pagamento e anexe ao contrato um recibo de pagamento de Direitos Autorais, afinal, tudo o que você produzir é seu, uma vez que não terá vínculo com a empresa.


Boa sorte e bons clientes!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dia do Jornalista

Aproveito este dia tão especial para, nós, jornalistas e reitero meu desejo de que a nossa profissão seja reconhecida.
Lamentavelmente, convivemos há oito anos com a sensação de que a qualquer momento uma enxurrada de jornalistas sem formação nem preparo vai invadir os veículos de comunicação e a selva que se assumiu o mercado de trabalho ficará ainda mais concorrida, tudo por conta da liminar que suspende desde 2001 a exigência do diploma para exercício da profissão de jornalista.
Espero, sinceramente, que o Supremo Tribunal Federal decida pela obrigatoriedade do diploma para o exercício da nossa profissão. Não falo de um simples "canudo de papel”, mas do que este documento representa, como um instrumento que atesta a formação teórico e prática do profissional.
Não sou ingênua de achar que a posse de um diploma irá mudar de um dia para o outro a realidade em muitos veículos de comunicação ou irá ditar a postura do profissional pela ética jornalística. Também não me refiro àqueles que sequer frequentaram os bancos acadêmicos ou a outros que decidiram cursar jornalismo simplesmente para ter o diploma e jogaram fora o que aprenderam.
Defendo a formação superior para o jornalista em respeito à história do jornalismo no Brasil e à sua contribuição para democratizar a informação na sociedade. Graças à regulamentação da profissão de jornalista, em 1969, surgiram as primeiras escolas superiores para formação de profissionais. E o diploma como símbolo da formação superior permitiu ao jornalista se profissionalizar e melhorar a qualidade de seu trabalho, consequentemente, da mídia nacional.
Como muito bem disse, o presidente da ABI, Luiz Azêdo, em defesa da liberdade de imprensa, “o jornalista trabalha não para si, mas para servir à coletividade”. E como “agente do interesse público" deve estar preparado. Um doente por acaso entregaria sua vida aos cuidados de alguém que não fosse formado em medicina? Obviamente que não. Da mesma forma ocorre com o jornalista.
Com o fim do diploma para o exercício da atividade de jornalista, qualquer pessoa pode desempenhar a função, o que representa um grande atraso à nossa profissão, remetendo ao tempo em que a ética no jornalismo e o compromisso social andavam longe e muitos jornalistas ficavam a mercê da boa vontade de “padrinhos” ou mesmo afundavam na lama dos interesses políticos e econômicos.
Assim como advogados, médicos, dentistas e tantos outros profissionais cuja função é regulamentada pelo governo, temos o direito de exigir qualificação profissional por meio da graduação em Jornalismo, sobretudo, porque o Decreto-Lei 972/69 exige o diploma em Jornalismo ou Faculdade de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo para a obtenção do registro de jornalista, pré-requisito para o exercício da profissão.
Além disso, a Constituição Federal não deixa dúvidas quando diz que “a lei ordinária pode estabelecer quais as qualificações profissionais são necessárias para o exercício de determinada profissão”. Logo, não há porquê criar empecilhos para algo que só veio para agregar valor à profissão do jornalista: a formação acadêmica.

Conhecimento é um bem precioso!